9.21.2008

Origem de um preconceito

Há já algum tempo cruzei-me com um estudo no mímimo intrigante...

Uma pessoa dotada de um perspicácia rara teve a brilhante ideia de fechar um grupo de chimpanzés numa jaula ... e a certa altura pôs uma escada com uma banana pendurada no topo, mesmo no centro da jaula ... óbvio, e á semelhança de seus irmãos humanos, o primeiro glutão a ver a banana, rapidamente se apressou para a reclamar ... o truque era o seguinte ... quando o "chimpas" toca na banana ... os restantes que ficaram cá em baixo levam um jacto de água gelada sem piedade.

Este exercício repetiu-se ao longo de alguns tempos ... obviamente, que dali a pouco tempo ... o primeiro macaquinho que tivesse sequer a audácia de tocar na escada levava logo uma solha "chimpanziana" pelas trombas abaixo sem sequer ter tempo de pestanejar ... e assim se viveu em harmonia na jaula durante algum tempo, sendo a escada território sagrado... quem se aproximasse era linchado em praça pública..

O responsável pelo estudo resolve trocar um dos "chimpas" por um novo ... escusado será dizer que a primeira coisa que o novato faz... é tentar trepar a escada para se deliciar na banana, provavelmente espantado ao ver que ela ainda ali jazia sem que ninguém lhe tocasse.... rapidamente se apercebeu que era esquisito ... assim que ele esboçou um movimento em direcção à escada... pufa!!! ... o "enxerto de porrada" que os outros lhe deram foi tal, que o jovem, teve de receber tratamento médico .... vá veterinário!

Quando outro chimpa foi introduzido na comunidade ... a história repetiu-se ... lá vai o lambão lançado à banana ... pois logo aprendeu como as coisas funcionavam ... também ele levou uma avalanche de porrada vinda de todo o lado ... AGORA ... o curioso, é que o chimpazé que tinha entrado "em antes dele", que levou porrada sem saber porquê, participou energicamente no espancamento .... sem saber porquê também ... apenas era assim que funcionava ...

Este processo foi sendo repetido ao longo de vários dias ... ou seja ... os Chimpas originais, formam sendo trocados por chimpas novos ... e o mesmo sucedia-se ... chimpa novo ... banana ... porrada ... foi assim até os chimpas serem todos trocados ... agora temos uma jaula cheia de chimpas novos ... e a regra mantém-se quem toca na escada leva na tromba ... mesmo que nenhum tenha assistido, nem sentido na pele o que acontecia o fizessem

... é interessante a facilidade com que um preconceito se instala numa sociedade!

9.17.2008

A melhor recompensa!


pois é ... ainda não tinha tido paciência nem disponibilidade mental para falar um pouco da minha aventura este verão ... Na verdade foi uma avalanche de informação "imensa" e foi necessário algum tempo para digeri-la. Agora que passou a euforia, e o pó já assentou é altura de reflectir um pouco no que se sucedeu naqueles mágicos 20 dias e 20 noites ... "de Domingo" ... e é melhor fazê-lo antes que comece a sentir os primeiros sintomas de ressaca!

Foi para mim uma experiência sem igual...! Foi uma viagem de reflexão, e contemplação pessoal, que pude partilhar ao vivo com dois compinchas.

Tive a oportunidade de contemplar, maravilhas que se estendem por todo o "espectrum da beleza". Cada canto tinha a sua personalidade, as suas características próprias, e uma forma de encanto diferente da anterior. A pergunta mais difícil que me podem fazer é "o que é que gostas-te mais?" ... pergunta para a qual ainda não consegui encontrar resposta ... sei sim responder o contrário... o pior foi sem dúvida Bruxelas ... embora tenha tido as minhas surpresas por lá ... mesmo assim não a riscava do percurso se voltasse atrás.

Uma coisa que de facto levo comigo para sempre, para além das óbvias e muitas imagens fantásticas que pude ver, das inúmeras situações caricatas que vivi, e dos muitos momentos únicos que vivenciei... uma das coisas que jamais esquecerei, é do sentimento único que é rolar ao sabor do vento sem compromissos, e apenas com o horizonte como destino ... a paz de espírito que se alcança quando viajamos no desassossego de chegar cada vez mais longe, com a impaciência e curiosidade infantil de ver o desconhecido. Faz-nos sentir que realmente somos pequenos... lembra-nos que o tempo que passamos neste mundo embora curto, pode ser uma pequena dádiva se tivermos sorte, e atitude. Os olhos brilham, o sorriso teima em não sair do rosto ... e a vida torna-se muito mais simples ... a própria noção do "eu" desvanece ... deixamos de ter consciêcia de nós próprios, e tudo se passa a centrar no momento, no agora ... na mais pura forma de existência... suspira-se mais... pensamentos aleatórios difusos, são soprados suavemente deixando apenas uma leve sensação de frescura. Nada nos prende a atenção... e de repente ... por breves momentos, apercebemos-nos do verdadeiro sabor da vida... apercebemo-nos da nossa própria existência ... estar aqui e agora... é no momento que existimos... no passado já deixámos de existir , e no futuro ainda não existimos...

É irónico... para ter noção de que existimos, temos quase de nos elevar a um estado de nirvada, em que nada existe para além da própria existência em si ... no entanto, o momento em que nos apercebemos dessa sensação, é o momento em que ela acaba, porque já nos estamos a consciencializar do que acabou de acontecer... de forma a obtermos significado das nossas experiências temos de nos libertar delas... deixamos de "reagir" e começamos a "pensar" ... deixamos de existir, e passamos a pensar no momento em que existimos ..."

... consegui "ser" ... por mais efémero que tenha sido ... consegui "ser"

9.11.2008

Sede

Desejo é desejo ... não dá para fugir, não dá para esconder!
Podemos negar durante algum tempo, podemos até tentar fechar-lhe os olhos! Mas eventualmente acaba por nos alcançar!! se lhe dermos oportunidade... se o olharmos nos olhos durante tempo suficiente acaba por nos dominar por completo!!
O mundo fica pequeno, intemporal ... reduzido a um movimento, um toque, um olhar ...!
Vale a pena resistir?!
É agoniante tê-lo por perto, no entanto procuramos sempre a sua presença. Ser Humano é viver em constante ambiguidade. Procuramos o que não temos afogados em insípida melancolia.
Negamos os nossos mais sinceros impulsos, em troca de aceitação social. Somos forçados a obedecer cegamente às doutrinas de outrem. Condutas caducas que ecoam ao longo dos tempos. As palavras que proferem são moderadas apenas em tom com o passar dos anos, atenuadas, moldadas aos olhos de quem pretendem vergar o espírito.
Cegos e castrados, vamos tentando fugir a uma prisão moral severa... justa? ... talvez!
Vivemos atormentados num museu repleto de placas que dizem "não tocar!" condicionados a usufruir apenas daquilo a que temos acesso nunca daquilo a que temos direito.
Em pensamento sucumbimos ao que não temos acesso no mundo material. E nesse espaço virtual conseguimos exercer todo o nosso poder sem restrições, sem consequências, sem punição!
Embora seja possível corromper esse local sagrado com ideias infecciosas, a dúvida e o desejo ... serão intangíveis ... ! Duas condições permanentes numa mente pensante, dois cancros para quem as alimenta.

O eterno tormento de quem as ignora.