Delírio!

Onde estás? O que posso eu fazer para te encontrar? … Devo procurar-te? Gastar as minhas energias numa perseguição utópica … como posso encontrar-te se não sei quem és?? … se não sei o que é suposto sentir na tua presença… numa procura consciente nunca te vou reconhecer…!! Numa procura cega, vou-me perder.
Acho que no fundo se resume a sorte … destino … mas o destino não pode ser real … a sorte não pode existir … E se não nos cruzarmos? E se eu não tiver coragem??!… e se tu não me reconheceres??!!… será que vamos sentir arrependimento mesmo na ignorância da nossa existência?! Será que um dia mais tarde vamos partilhar momentos de melancolia separados pelo mundo do acaso… os dois deitados na cama a chorar por algo… por alguém que não encontramos…?
E se nesse momento nos pudéssemos tocar…? e se nesse momento conseguisses sentir o meu calor, sentir o quanto preciso de ti … mesmo na ignorância de quem sou … mesmo que eu não conseguisse vislumbrar quem és … num sítio onde não são necessários nomes, corpos ou mesmo conceitos ?! seria esse momento de partilha suficiente … ? O facto de sentirmos que é possível, que existe, que não é uma ilusão, que não é produto humano, nem consequência química… que de alguma forma inexplicável, mesmo não fazendo sentido, sem estudos teorias nem teoremas, sem Pitqgoras Newtons ou Einsteins, sem Big bangs nem 2+2=4 … se naquele momento simplesmente existisse eu e tu …. E tudo o resto deixasse de fazer sentido… de existir, … num momento de plena compreensão, de puro conhecimento… um momento único na história, em que não encontramos Amor, mas ele nos encontra a nós … quando a força que nos une supera até o que mantém este mundo coeso…
… se por um momento que fosse, uma fracção não quantificada de tempo conseguisse sentir esta força inexorável … já valeria a pena ter nascido …